Estados Unidos e China anunciaram nesta segunda-feira (12), em Genebra, um acordo para reduzir temporariamente tarifas de importação, numa tentativa de conter a escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Pelo acerto, os EUA vão reduzir as tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China cortará as taxas sobre importações americanas de 125% para 10%. A medida vale por 90 dias, até 14 de maio.
Segundo o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, as tarifas elevadas estavam funcionando como um bloqueio comercial. “Foi o equivalente a um embargo. Nenhum dos lados quer isso. Queremos comércio, e mais equilibrado”, afirmou.
O comunicado conjunto também prevê a criação de um canal permanente de diálogo comercial, com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, liderando as negociações com Bessent e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer.
O acordo representa um alívio para os mercados, especialmente após ameaças do presidente Donald Trump de impor tarifas de até 80%. Para a estrategista Lindsay James, da Quilter, a notícia “superou as expectativas” e pode “restabelecer parte do comércio, embora a preços mais altos”.
A guerra comercial teve início em fevereiro, quando Trump impôs tarifas de 10% sobre produtos chineses. Em abril, o índice saltou para 145%, levando Pequim a retaliar com tarifas de 125%.
A medida afetou duramente empresas e consumidores. Os EUA dependem amplamente da indústria chinesa: 97% dos carrinhos de bebê importados vêm da China, assim como 96% dos guarda-chuvas, 95% dos fogos de artifício e 90% dos pentes. Além disso, 47% das importações americanas da China em 2023 foram insumos industriais, segundo a Associação Nacional de Fabricantes.
Na China, a dependência do mercado americano diminuiu nos últimos anos. Em 2023, os EUA representaram 15% das exportações chinesas, ante mais de 19% em 2018. Mesmo assim, o impacto econômico é significativo: o FMI já rebaixou as projeções de crescimento chinês, citando os efeitos da guerra comercial.