Polícia Civil frustra atentado contra show de Lady Gaga em Copacabana

Uma quadrilha de receptadores de celulares que atuaria no evento também foi presa

Segunda, 05 de Maio de 2025

Márcia Pinheiro


Polícia Civil frustra atentado contra show de Lady Gaga em Copacabana

Divulgação: Polícia Civil - Marino Azevedo

A Polícia Civil do Rio de Janeiro, em parceria com o Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), desarticulou um grupo que planejava um atentado com explosivos durante o show da cantora Lady Gaga, realizado no sábado (03/05), na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. 

A ação, batizada de Operação Fake Monster, cumpriu 13 mandados de busca e apreensão. Um adolescente de 17 anos foi apreendido e um homem foi preso em flagrante — ambos apontados como líderes de uma célula extremista que disseminava ódio pela internet.

A operação foi conduzida pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) e 19ª DP (Tijuca), com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). A investigação começou após o recebimento de informações sobre uma possível ameaça terrorista, tratada como um “desafio coletivo” com o objetivo de ganhar notoriedade nas redes sociais.

Em menos de uma semana, oito integrantes do grupo foram identificados. A operação ocorreu simultaneamente em diversos municípios: Rio de Janeiro, Niterói e Duque de Caxias (RJ); Cotia, São Vicente e Vargem Grande Paulista (SP); São Sebastião do Caí e Novo Hamburgo (RS); e Campo Novo do Parecis (MT).

A Polícia Civil agiu de forma silenciosa, sem causar pânico. Esse tipo de informação não pode ser ignorado. Atuamos de maneira cirúrgica para impedir o crime. Sempre que soubermos de ameaças iminentes, vamos agir”, afirmou o delegado Felipe Curi, secretário de Estado de Polícia Civil.

Segunda ameaça

Durante a tarde de sábado, agentes também cumpriram mandado de busca e apreensão em Macaé (RJ), contra outro suspeito que planejava ações criminosas ligadas ao evento. O indivíduo teria feito ameaças de matar uma criança ao vivo durante a apresentação da cantora. Ele está sendo investigado por terrorismo e incitação ao crime, com motivações de cunho religioso.

O homem, segundo informações apuradas pela CNN, foi deportado dos Estados Unidos no mês passado, após viver por 27 anos no país. Ele não foi preso, pois, até o momento, não houve flagrante ou materialidade suficiente para um mandado de prisão. A polícia afirmou que esse suspeito não tem ligação com os alvos da Operação Fake Monster.

Estratégia digital e aliciamento

As investigações revelaram que o grupo criminoso atuava por meio de perfis falsos em plataformas digitais, promovendo a radicalização de adolescentes com conteúdos de ódio, automutilação e violência. Os membros utilizavam linguagens cifradas, simbologias extremistas e desafios autodestrutivos para recrutar novos integrantes.

O nome da operação faz alusão aos “little monsters”, como são chamados os fãs da cantora, já que os extremistas utilizavam essa identidade para se infiltrar nas redes de fãs.

A ofensiva foi coordenada com base em alertas da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil do RJ e relatórios técnicos do Ciberlab.

“Operação Rastreio” combate roubo de celulares

No mesmo dia, a Polícia Civil também deflagrou a Operação Rastreio, voltada ao combate ao roubo, furto e receptação de celulares, motivada pelo grande fluxo de pessoas em eventos na capital e na Região Serrana.

Agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) monitoravam a quadrilha há 45 dias. Na ação, quatro dos principais receptadores de celulares do estado foram presos, além de outros 12 membros da organização criminosa. Cerca de 200 aparelhos foram recuperados.

Durante o show, percebemos um aumento na movimentação de pessoas com celulares roubados. A operação foi deflagrada para coibir esse crime. A quadrilha também acessava aplicativos das vítimas e realizava transações via Pix para contas de laranjas. Esta foi apenas a primeira etapa de uma operação que será contínua em todo o estado”, concluiu o delegado Felipe Curi.