Em nota oficial, o governo Trump exigiu que “deixem Bolsonaro falar”
Terça, 05 de Agosto de 2025
Márcia Pinheiro

Imagem: Reprodução / Redes Sociais
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro reafirmou nesta segunda-feira (4) que ele não cometeu qualquer crime ao se manifestar publicamente, tampouco descumpriu medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda assim, o ministro Alexandre de Moraes decretou sua prisão domiciliar, alegando que o ex-presidente teria utilizado redes sociais de aliados — incluindo filhos parlamentares — para criticar o STF e defender a soberania nacional.
A medida causou forte reação internacional. O Departamento de Estado dos Estados Unidos condenou a decisão de Moraes, já alvo de sanções da Lei Magnitsky, acusando o ministro de usar instituições brasileiras para calar a oposição política. Em nota oficial, o governo Trump exigiu que “deixem Bolsonaro falar”.
Além da prisão em casa, Bolsonaro está proibido de receber visitas, exceto de seus advogados e de pessoas autorizadas previamente pelo STF. A ordem de Moraes foi duramente criticada por veículos de imprensa internacionais, que alertam para o agravamento da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos.
O influente New York Times destacou que a decisão pode agravar a maior crise entre os dois países em décadas, referindo-se à reação do ex-presidente Donald Trump, que impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros em resposta à perseguição judicial contra Bolsonaro.
Já o britânico The Guardian classificou a prisão como parte de um processo no qual Bolsonaro é acusado — sem provas concretas — de tentar anular as eleições de 2022. O jornal lembrou ainda que os EUA condenaram de forma imediata a ação do STF.
A rede Al Jazeera informou que o caso está provocando um impasse diplomático, enquanto o jornal espanhol El País observou que a prisão de Bolsonaro pode atrapalhar as negociações entre Brasil e EUA para reduzir as tarifas impostas por Washington. “A guerra comercial está rendendo dividendos políticos a Lula, que tenta inflamar o sentimento nacionalista como manobra interna”, aponta a matéria.
Na América Latina, a decisão de Moraes também repercutiu. O argentino Clarín relatou que a ordem veio um dia após manifestações em apoio a Bolsonaro em várias cidades brasileiras. As imagens mostravam milhares de pessoas com bandeiras dos EUA e cartazes pedindo ajuda a Donald Trump.
O El Universal, do México, também noticiou os protestos populares, seguidos pelo decreto de prisão domiciliar.
Moraes volta a cometer erros gramaticais
Além das decisões polêmicas, o ministro Alexandre de Moraes voltou a ser alvo de críticas por erros básicos de Português em seus despachos. Na página 23 da nova determinação contra Bolsonaro, o ministro usou crase indevidamente. Não é a primeira vez: em julho, trocou “mas” (conjunção adversativa) por “mais” (advérbio de intensidade), expondo sua fragilidade técnica.
A população, indignada com a prisão de Bolsonaro, reagiu. Horas após a decisão, apoiadores do ex-presidente realizaram um grande buzinaço na frente da residência de Bolsonaro, em um condomínio na zona sul de Brasília. Com bandeiras do Brasil e cartazes contra o STF, os manifestantes gritavam frases como “O Brasil vai parar!”. Tentaram seguir para a Esplanada dos Ministérios, mas a Polícia Militar impediu o avanço. A mobilização foi pacífica, sem confrontos.