Tarifas dos EUA contra o Brasil entram em vigor com impacto severo nas exportações

Analistas econômicos acreditam que o Brasil, ao que tudo indica, está pagando o preço de suas escolhas políticas

Quarta, 06 de Agosto de 2025

Márcia Pinheiro


Tarifas dos EUA contra o Brasil entram em vigor com impacto severo nas exportações

Imagem: Ilustrativa / Criada com IA ChatGPT

As novas tarifas comerciais dos Estados Unidos contra o Brasil começaram a valer nesta quarta-feira (6), atingindo em cheio setores estratégicos da economia brasileira. A medida, assinada pelo presidente norte-americano Donald Trump, impõe sobretaxas de até 50% sobre 3.800 produtos brasileiros e representa um duro golpe contra o atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Embora 694 itens tenham sido poupados — como suco de laranja, combustíveis e aeronaves — a maior parte das exportações de café, frutas e carne bovina agora enfrenta barreiras severas. Com a nova carga tributária, exportadores de carne, por exemplo, estimam que os custos podem ultrapassar 76%, o que deve gerar prejuízos, encarecer produtos no mercado interno e provocar demissões.

O Brasil foi, entre todos os países atingidos, o mais penalizado. O governo dos EUA justificou a decisão com base em questões econômicas e políticas. Segundo a Casa Branca, o tratamento dado pelo governo brasileiro e pelo Supremo Tribunal Federal ao ex-presidente Jair Bolsonaro configura “perseguição política” e é visto como uma “vergonha internacional”.

Trump, que iniciou a nova política tarifária com o objetivo de proteger a competitividade da economia americana frente à China, declarou que não aceitará relações comerciais desequilibradas — principalmente com países que, em suas palavras, "desrespeitam valores democráticos e perseguem líderes legitimamente eleitos".

Em resposta, Lula tentou minimizar os impactos, afirmando que o Brasil “não será tratado como republiqueta” e voltou a defender o uso de moedas alternativas ao dólar. A fala, porém, foi mal recebida no meio diplomático, sendo interpretada como um distanciamento ainda maior em relação aos Estados Unidos.

Enquanto isso, setores como o cafeeiro tentam negociar exclusões específicas da lista tarifada. Coincidentemente, no mesmo dia da assinatura do tarifaço por Trump, a China habilitou 183 empresas brasileiras a exportar café para o país asiático — gesto que muitos analistas interpretam como parte do jogo geopolítico entre Washington e Pequim.

Para analistas econômicos, o tarifaço representa um revés grave para a política externa brasileira e um sinal claro de que o governo Biden-Trump não tolerará ações que afrontem os princípios democráticos, tampouco relações comerciais sem contrapartidas claras. O Brasil, ao que tudo indica, está pagando o preço de suas escolhas políticas.